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De Celotex a Futebol de Mesa: Sua trajetória, curiosidades e modalidades


De Celotex a Futebol de Mesa: Sua trajetória, curiosidades e modalidades



https://www.palmeiras.com.br/futebol-de-mesa/

Num primeiro momento, Celotex, Jogo de Botão, Futebol de Botão! Hoje, mas com a mudança de nome já realizada lá atrás, a prática esportiva é conhecida como Futebol de Mesa.


Não é possível precisar a data em que o Futebol de Mesa teve início no Brasil, no entanto, Ubirajara Godoy Bueno conta em seu livro, “Botoníssimo, o livro do futebol de mesa”, volume 1 segunda edição de 2012, que o aparecimento do jogo de botão no Brasil tenha ocorrido antes de 1894, por Charles Miller, mas, assegura ele, que já era praticado além da Inglaterra, em Portugal, Argentina, Itália etc.


Bueno traz ainda que, entre os períodos 1894 e 1910, o Futebol de Mesa era um esporte de elite praticado aqui no Brasil, reservado somente a atletas com bastante dinheiro, alunos das melhores escolas.


Percebe-se, pela linha do tempo e publicações esparsas, que o Futebol de Mesa foi apresentado e introduzido no Brasil há muito tempo, porém, era conhecido há época como Celotex e Jogo de Botão.


Em seu livro, Bueno traz uma breve cronologia do Futebol de Mesa que, ao nosso ver, conveniente apresentar aos leitores. Vejamos:


1919* — Delphim Ferreira da Rocha Netto, com seis anos de idade, morando em Piracicaba, SP, conhece o futebol de botão em 1919. Aprendeu o jogo durante a visita de dois primos vindos de São Paulo. É o mais antigo registro sobre a prática do futebol de mesa no Brasil (conhecido pelo autor).

1920 – 1922 — Geraldo Cardoso Décourt, com 9 - 11 anos de idade, residindo no Rio de Janeiro, aprende a jogar botões com os irmãos Higino e Francisco Mangini. Fato da maior importância, pois, nascia no então pequeno Décourt um grande amor pelo jogo, o que o levaria a ser um dos mais esforçados divulgadores do futebol de mesa nos anos vindouros.

1929 - 1930 — Décourt empresta ao jogo de botões o nome de Celotex, devido ao material usado para a confecção das mesas, que tinha este nome e era importado de Chicago da The Celotex CO. É realizado um Campeonato Nacional de futebol de mesa na cidade do Rio de Janeiro. Décourt sagra-se campeão representando o clube Nacional Celotex, recebendo a Taça Odalisca na redação de O Cruzeiro.

O jogo de botões, agora Celotex, recebe um importante benefício quando Décourt publica suas regras – primeiro material do gênero. Décourt intensifica seu trabalho no sentido de promover o jogo em todo o país, fazendo sua divulgação na imprensa através de vários jornais da então Capital Federal.

1932 — O Celotex passa a ser chamado também de futebol em miniatura. O carioca Getulio Reis de Faria, botonista desde 1930, adquire com seus amigos, em uma banca de jornal do Rio, as regras oficiais Celotex. Seu entusiasmo pelo jogo aumenta gradativamente. Passa a cultivar uma grande admiração por Décourt, o qual só vem a conhecer pessoalmente anos mais tarde num encontro histórico. Getulio deu à Décourt o título de Papa do Botonismo.

1932 - 1933 — Getulio Reis de Faria, mantendo residência no Rio, funda uma liga de Futebol de Mesa e passa a promover campeonatos anuais e vários torneios.

1941 (?) — Jurandir da Silva Marques introduz modificações nas regras Celotex - Não foi possível obter detalhes sobre tais modificações, pois, o próprio Décourt. (autor das regras Celotex), nada sabia a respeito deste fato).

1945 — Fred Mello, jornalista, inventa no Rio de Janeiro a regra que ficou conhecida como leva-leva (número ilimitado de toques), ainda hoje praticada em jogos não oficiais, principalmente por crianças.

1949 - 1950 — A liga criada por Getulio encerra suas atividades. Anos mais tarde (1966) Getulio se torna Diretor administrativo da Liga Carioca de Futebol de Mesa, mantendo o jornal URUDANCAM. Décourt se muda para São Paulo, permanece afastado do futebol de mesa em virtude de vários compromissos.

1957 — Décourt volta a jogar, através de um encontro casual com Eder Jofre, então campeão mundial do boxe, e praticante do futebol de mesa. Eder fornece a Décourt o endereço do Grêmio Dramático Luso Brasileiro, no Bom Retiro, SP, local de encontro de vários botonistas.

1962 — Movimento na Bahia, dirigido por Oldemar Seixas, para padronização das regras no estado.

É fundada a Federação Paulista de Futebol de Mesa, porém mostra-se apática.

1963 — Chega a São Paulo Antônio Maria Della Torre, Amante do futebol de mesa desde os 11 anos. Alguns anos depois, em 1978, passa a jogar no clube Riachuelo, onde conhece Décourt, com quem desenvolve fortes laços de amizade. Trabalha em prol do futebol de mesa, assumindo em 1983 a presidência da Federação Paulista.

1965 — Botões de roupas e fichas de jogos de baralho, usados como peças de jogos, começam a ser substituídos por tampas de relógios (São Paulo e regiões)

1966 — É fundada a Liga Carioca de Futebol de Mesa pelo botonista Getulio.

1967 — Criada em Salvador (BA) a chamada Regra Brasileira do Futebol de Mesa, por ocasião de uma comissão formada por baianos e gaúchos, na qual figuram como cabeças do movimento Oldemar Seixas, pela Bahia, e Adauto Celso Sambaquy, pelo Rio Grande do Sul.

1970 — Início da era do acrílico. Começa a crescer gradativamente o uso do acrílico nas confecções de botões.

1971 - (21-01) — Fundada a Associação Carioca de Futebol de Botão – ACFB.

1972 — Paulo Brianezi, após confeccionar botões de forma caseira, industrializa o processo utilizando acetato de celulóide importado do Japão. Os botões, do tipo tampa, são decorados com escudos e bandeiras. Usando regras criadas por ele, Brianezi passa a organizar campeonatos na sua fábrica de botões, localizada em São Paulo.

1973 — Não há Campeonatos Interclubes. A Federação encontra-se praticamente inativa.

1974 — Fim da Federação Paulista de Futebol de Mesa, fadada a acabar desde a sua fundação.

1975 — É fundado o Botunice por Geraldo C. Décourt, Antônio Maria Della Torre e mais três colaboradores. (o Botunice procurava reunir grupos isolados de jogadores).

1978 — Morre Paulo Brianezi, encerrando-se os campeonatos por ele organizados. Os filhos dão continuidade à fabricação de botões.

(27-08) Nasce a Associação Galáxia Petlen. A denominação vem das iniciais dos nomes dos fundadores. A equipe contribuiu grandemente com o futebol de mesa, produzindo, entre outras coisas, um vasto arquivo de artigos alusivos ao jogo.

(outubro) – Começa a funcionar o Grêmio Botonistas da Moóca. Oito meses depois transfere-se para o Grêmio Recreativo Riachuelo

1979 — É formada a COFI - Comissão de Organização e Fiscalização das Integrações, com o intuito de suprir a falta da federação.

1979 - (03-09) — Fundada a Federação Brasiliense de Fut. de Mesa..(junho) – Fundado o Grêmio Recreativo Riachuelo

1979 – 1980 — É fundada a Confederação Brasileira de Futebol de Mesa, RJ, com a participação de vários clubes. (Confederação ???)

1980 — Fundada a UNIBOP em 01/10. 30/11 - Inaugurado o Clube Nacional de Futebol de Mesa, tendo na presidência o botonista Carlos Roberto Maia Bernardelli (Tati). Décourt (São Paulo) e Getulio Reis (Rio de Janeiro) se conhecem pessoalmente num encontro registrado como O Jubileu de Ouro.

1981 - (dezembro) — Fundada a Associação Riograndense de Futebol de Mesa, presidida por Ageu Inacio Kehrwald.

1981 - (24-06) — Fundada a Fed. Amazonense de Futebol de Mesa.

1982 - (13-7) — Geraldo Cardoso Décourt compõe o Hino do Botonista, cuja divulgação foi feita através de uma fita K-7 gravada em Lagoinha (litoral paulista). Várias cópias são distribuídas.

1982 — Inauguração da sede própria da Associação Brusquense de Futebol de Mesa. Termina as atividades do Botunice quando reunia 50 associados. AREA - Associação Recreativa dos Engenheiros e Arquitetos, no Jabaquara, inicia a integração de onze clubes da capital e Santos, que procuram se reunir em torno de uma regra unificada. (outubro) - Campeonato Brasileiro de Futebol de Mesa - realizado em São José dos Campos, com a participação de botonistas de vários estados, onde Della Torre sagrou-se campeão. O segundo lugar foi conquistado por Libório, de Brasília e o terceiro lugar por Muradian, de São Paulo. Este campeonato não foi reconhecido como o primeiro da série iniciado em 1989.

1983 — Volta a Federação Paulista, presidida por Della Torre, desta vez completamente documentada e mais dinâmica. Neste mesmo ano a COFI encerra suas atividades. Fundada no dia 7 de setembro a Associação Sergipana de Fut. de Mesa na praia de Atalaia, tendo como presidente Ismael Silva Santos. (dezembro) – Entregue a Décourt a carteirinha no 1 da F.P.F.M. e o título honorário “Patriarca do Futebol de Mesa Paulista”.

1985 - (8-5) — Falece Getulio. (maio) Fundada a Associação de Futebol de Mesa de Marília, SP. (17-07) Fundada a Federação Baiana de Futebol de Mesa.

1988 - (outubro) — Extinta a Associação Riograndense de Futebol de Mesa – (fundada em dez./1981).

1988 - (29 de setembro) O CND eleva o Futebol de Mesa à categoria de esporte. Um dos mais esperados acontecimentos para o fortalecimento e valorização do futebol de mesa.

1989 — É realizado o 1o Campeonato Brasileiro de Futebol de Mesa promovido e dirigido pela Federação Paulista (categoria 12 toques). Os jogos foram realizados entre os dias 7 e 10 de setembro no clube Atlético

Indiano, em São Paulo. O evento contou com 96 participantes de três estados e mais o Distrito Federal, onde sagrou-se campeão o paulista João Luiz Gil, 24 anos. O CAMPEONATO BRASILEIRO, numa cadência anual, tornou-se o evento mais atrativo e disputado entre os jogos promovidos pela Federação Paulista.

1990* — Inaugurada em São Paulo a loja Botões & Companhia, onde apreciadores do futebol de mesa podiam adquirir todos os artigos esportivos necessários para a prática do esporte, jogar no própria loja (o local possuía várias mesas) e contar com a ajuda de instrutores — entre eles o conhecido botonistas Rubens Cintra (Rubinho). A loja também oferecia os serviços de uma lanchonete.

1990* - (dezembro) — Wilson Brambilla introduz o futebol de mesa no clube ABREVB (Associação Beneficente e Recreativa de Vila Barcelona) – São Caetano do Sul, SP. Nasce a UBO (União de Botonistas), originária da LIBO (Liga dos Botonistas) — esta última criada e mantida durante vários anos por Ubirajara Godoy Bueno.

1992* — Botões & Companhia encerra suas atividades. Em 1993, Élcio Buratini, um dos sócios da loja, inaugura oficialmente a Temp Sports, a qual segue a mesma linha de produtos, mas sem os serviços extras da Botões e Companhia. O comércio permanece em funcionamento e sua especialidade é a produção de mesas.

1994* — Exposto pela primeira vez o “O Museu do Botão”, criado por Ubirajara Godoy Bueno, por ocasião do VI Campeonato Brasileiro de Futebol de Mesa (modalidade 12 toques), realizado no clube ABREVB. Após o evento, o museu permaneceu neste clube por vários anos. Atualmente encontra-se no CREVF (Centro Recreativo e Esportivo da Vila Fundação) conhecido popularmente como Fundação, também localizado em São Caetano do Sul, SP. O material está exposto na sala de jogos da UBO (União de Botonistas).

1998* - (28 de maio) – Despede-se Geraldo Cardoso Décourt aos 86 anos. À sua terna lembrança, nossa saudade e gratidão.

1998 - (11 a 14 de junho) — Realizado no clube Tietê o X Campeonato Brasileiro, onde, durante a abertura do evento, foi prestada uma homenagem a Décourt. Estava presente a senhora Eda Décourt.

Neste evento tivemos ainda:

● A escolha de 14 de fevereiro como “O Dia do Botonista” – data de aniversário no nosso saudoso Décourt — (por sugestão dos botonistas da A. Hebraica). O anuncio foi feito oficialmente pela Federação Paulista.

● Lançamento do “Botoníssimo - O Livro do Futebol de Mesa” (1a edição), escrito por Ubirajara G. Bueno.

● Nova exposição do Museu do Botão — aprimorado e ampliado.

1998* - (11 de julho) — A sala de jogos do clube ABREVB foi batizado com o nome “Geraldo Cardoso Décourt” numa homenagem ao papa do botonismo. Uma placa foi fixada na entrada principal da sala. Neste mesmo dia foi realizado o torneio “Taça Décourt”

2000* (27 de setembro) — Despede-se Antonio Maria Della Torre, aos 56 anos. Della Torre foi um dos mais sólidos baluartes do futebol de mesa.


Pela linha do tempo apresentada por Bueno, é possível perceber quanta paixão envolvia os seus difusores, onde não deixaram o esporte decair e promoveram firmemente o Futebol de Mesa para todos os cantos possíveis.

Quando se estuda sobre Futebol de Mesa, alguns nomes são reverenciados, e vale destaque neste texto os seguintes: Geraldo Cardoso Décourt, Delphim Ferreira da Rocha Netto, Antonio Maria Della Torre e José Jorge Farah Neto.


Em breve relato, apresentamos estes grandes homens.


1. Geraldo Cardoso Décourt: nascido em 14 de fevereiro de 1911, na cidade de Campinas/SP, é conhecido na rede de computadores como o inventor do futebol de botão. Por volta de 1929, Décourt começou a praticar o esporte que o chamou de “Celotex”, nome dado ao material utilizado na fabricação das mesas. Em 1930, publicou o primeiro livro com regras para nortear a prática esportiva, Regras Officiaes do Foot-ball Celotex.

Naquela época, para jogar Celotex, utilizava-se botões de camisa. Decóurt, além da paixão pelo Celotex, também era pintor e ator brasileiro, participando de pelo menos 9 filmes e conseguindo algumas conquistas pelas suas pinturas.



Decóurt organizava campeonatos com amigos e fundou o Botunice em 1975, junto com Della Torre, para reunir ainda mais os jogadores que muitas vezes ficavam isolados. Ele era muito apaixonado pelo jogo. A paixão era tanta que Decóurt criou um hino para o esporte, sim, em 1982, o Hino do Botonista. Não é a toa que ele é conhecido como o Papa do Botonismo.

Em seu outro livro, “Aconteceu, Sim!...” publicado em 1987, Decóurt conta: “A escola proibiu o jogo de botão, porque, para poder jogar, arrancávamos os botões do uniforme. Era comum os alunos assistirem às aulas segurando as calças nas mãos”.

Todo esse amor de Geraldo C. Decóurt pelo Futebol de Mesa, fez com que em 2001, fosse oficializado pelo Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, o Dia do Botonista, a ser comemorado anualmente no dia 14 de fevereiro, dia do nascimento do Papa do Botonismo, através da Lei Estadual de nº. 10.833/2001.

Sem dúvida, Decóurt foi um homem muito apaixonado pelo Futebol de Mesa e fez o melhor para que a prática e suas regras chegassem ao maior número de pessoas, para reunir cada vez mais jogadores.


2. Delphim Ferreira da Rocha Netto: Segundo o livro Botoníssimo de Ubirajara Godoy Bueno, Delphim nasceu em 1913 em Itu/SP. Deu início ao jogo de botões em 1919, com seis anos de idade. Aprendeu o esporte por intermédio de seus primos que residiam em São Paulo e, quando o visitara em Piracicaba, ensinaram tudo a Delphim. Além de apaixonado pelo Celotex, Delphim também era jornalista esportista e radialista. Escrevia ainda, um Diário na espécie de “jornalzinho”, com as principais notícias do esporte daquela época. Certamente foi um grande homem e ajudou muito para a divulgação do Futebol de Mesa. Segundo Bueno, é o registro mais antigo no Brasil de alguém que jogou Futebol de Mesa, 1919.


3. Antonio Maria Della Torre: Nascido em Casa Branca/SP em 10/05/1942, Della Torre se apaixonou pelo Futebol de Mesa aos onze anos de idade. Há relatos de que, na época, ele pegava os botões dos casacos de sua tia, pois eram perfeitos para o jogo. Formou-se em 1968 na escola de Árbitros da Federação Paulista de Futebol, atuando algum tempo como árbitro mas tendo que parar por conta de tempo e vida profissional. Certo dia, após ter organizado um campeonato de Futebol de Mesa, com regulamento e tudo mais, descobriu o clube chamado Riachuelo, onde um colega do seu trabalho jogava. Em visita a este clube, Della Torre ficou assustado com tanta técnica e começou a participar e foi assim que ele conheceu e se tornou grande amigo de Geraldo C. Decóurt, onde fundaram juntos o Botunice – Botonistas Unidos dos Campos Elíseos, para reunir os jogadores de diversas partes, aqueles que se encontravam isolados.


Mas o seu maior passo Della Torre deu no início dos anos 80, onde ajudou reativar a Federação Paulista de Futebol de Mesa, que se encontrava desativada. Foi Presidente da entidade em três oportunidades: 1983/1984, 1988/1990 e 1999/2000.

O título mais importante conquistado dentro do futebol de mesa foi o de campeão brasileiro no certame realizado em outubro de 1982, em São José dos Campos (SP), na regra do Vale do Paraíba (oito toques).

Della Torre considerava sua melhor partida no futebol de mesa a que ele fez contra Domingos Varo Neto, o Mingão, num torneio do Sirio. Placar no tempo normal: 9 x 9. Seu nono gol foi marcado no tocar do relógio. Na prorrogação de cinco minutos cada tempo, venceu por 4 x 2.


Hoje é dia de Geraldo Décourt, dia do Botonista – Futmesa Campinas (clubedobotao.com)

Bueno traz em seu livro a seguinte curiosidade, vale a pena compartilhar com o leitor.

Você Sabia? Que Antonio Maria Della Torre começou a fabricar bolinhas para futebol de mesa por volta de 1957? O material utilizado era cortiça recortada com lâmina de barbear.






4. José Jorge Farah Neto: Nascido em 21/06/1957 na cidade de São Paulo/SP, fez e faz muito pela divulgação do Futebol de Mesa. Atualmente é Presidente da Federação Paulista de Futebol de Mesa, Diretor da FIESP (CODE) e Presidente da CBFM – Confederação Brasileira de Futebol de Mesa. Farah Neto é Gestor Desportivo, Jornalista, Historiador e Pesquisador, criador e co-autor do Almanaque do Futebol Paulista em todas suas edições nos anos 2000/2001/2002/2003/2004.


Conforme entrevista dada ao livro Botoníssimo, de Bueno, Farah conheceu o Futebol de Mesa aos 05 anos de idade, quando sua tia lhe deu o primeiro time da Estrela. Após isso, conta ele, que fez campeonatos com os amigos, sozinho, com seus primos e irmão.


Brasileiro de Futebol de Mesa vem aí - FPFM - Federação Paulista de Futebol de Mesa (futmesa.com.br)

Conta ele:


“...Conheci a loja do Luiz na 24 de maio, fiquei encantado e comecei a frequentar o meio dos grandes jogadores e acabei ficando amigo do Luiz, Guilherme, Della Torre, Decourt, Atienza, Muradian, Paulo Edson, Mesquita, Primo, Lorival de Lima (que me ensinou muito sobre como fazer um time vencedor), Hector, De Franco, Lito e muitos outros que não teria espaço para citar aqui, inclusive alguns que não recordo o nome. Em 1986 fui ao Paulistano do De Franco e em 1988 me filiei à Federação, jogando assim minha primeira partida inesquecível, contra o Fernando Santos do Maria Zélia, e aconteceu um placar maravilhoso de 8x8”.


Farah explica que por volta de 1992, tornou-se Vice Presidente da Federação na gestão de De Franco e Policano e que em 1997 se tornou Campeão Brasileiro da Copa do Brasil Máster.

Com certeza a Federação e a Confederação de Futebol de Mesa tem dado grandes passos para a divulgação do esporte e isso é graças a enorme apresentação que Farah tem promovido nos canais da internet como Youtube, também em entrevistas em rádios e televisão e com a organização de torneios e campeonatos, para unir os jogadores nesse propósito.


Graças a grandes divulgações do esporte, desde o seu princípio, o Futebol de Mesa tem ganhado o seu espaço e crescido cada vez mais, graças aos seus divulgadores e apoiadores apaixonados pelo esporte. Acreditamos que, uma grande sacada na época, em sua difusão, foi com os lançamentos dos Brinquedos Estrela, produzindo peças para o futebol de mesa de 1948 a 1979. Em 1972 e 1985, ela produziu o Estrelão, um dos campos mais famosos de todos os tempos.


Antes de prosseguirmos e apresentarmos algumas regras do Futebol de Mesa, imprescindível dar ênfase nesta data: 29.09.1988, que foi quando o CND - Conselho Nacional de Desportos deu ao Futebol de Mesa a categoria de ESPORTE, graças ao incansável e incessante trabalho de um grupo de abnegados, entre os quais: Antonio Maria Della Torre, de São Paulo, Roberto Dartanhã, da Bahia, Antonio Carlos Martins, do Rio de Janeiro, Claudio Schemes, do Rio Grande do Sul, José Ricardo Caldas e Almeida, de Brasília, liderados pelo “Papa” do futebol de mesa brasileiro, Geraldo Décourt. Ou seja, em 1988, o futebol de mesa é reconhecido como esporte pelo Conselho Nacional de Desportos. A partir daí o CND passa a considerar três regras oficiais de Futmesa no Brasil: a “Regra Brasileira Um Toque Disco”, criada na Bahia em 1967, a “Regra Paulista 12 Toques Esfera de Feltro” e a “Regra Carioca 3 Toques Esfera de Feltro”.


Mesmo que haja a informação e a difusão deste Esporte, poucos ainda o conhecem ou não sabem, quiçá, como fazer para aprender e para jogar o Futebol de Mesa, porém, uma vez apresentado o esporte e conhecendo algumas regras básicas do que o jogador pode e o que não pode, com certeza é paixão a primeira vista, tendo em vista que é um jogo sereno, tranquilo e harmônico, que devolve a paz para os seus jogadores, pois a concentrar e raciocínio no momento do jogo faz equilibrar suas energias para aquele momento do jogo, nos toques permitidos, deixando a ansiedade de lado e arquitetar o momento para marcar o gol. Pensamos que Futebol de Mesa é viver o momento! Sem entrar no mérito das amizades inesquecíveis.


Sobre suas regras, compartilharemos elas de acordo com o site da Confederação Brasileira de Futebol de Mesa, sendo que o Futebol de Mesa contempla algumas modalidades:


Jogadores do Brasileiro exaltam a 'magia' do futebol de botão - 23/06/2022 - Esporte - Folha (uol.com.br)

(a) 1 Toque;

(b) 3 Toques;

(c) 12 Toques;

(d) Dadinho;

(e) SectorBall;

(f) Subbuteo;

(g) Chapas.



A modalidade 1 Toque foi inicialmente conhecida como Regra Baiana. A modalidade é dividia em 2 tipos de botões utilizados que são: “LISO - onde os botões são lisos por baixo; e LIVRE – onde os botões são cavados por baixo”. É a modalidade que está há mais tempo organizada. A abrangência da modalidade é nacional, embora a vertente “LISO” tenha maior concentração nos estados do nordeste e Espírito Santo e a vertente “LIVRE” no Sul e Sudeste do País. A quem diga que seja a modalidade que exija maior técnica, habilidade e raciocínio do jogador.

A partida terá a duração de 50 minutos, divididos em duas fases, distintas de 25 minutos cada.




A modalidade 3 Toques foi, durante muito tempo, conhecida como Regra Carioca, com suas peculiaridades: (i) Cada partida tem a duração de 40 (quarenta) minutos, com 2 (dois) tempos de 20 minutos e intervalo de 5 (cinco) minutos entre o primeiro e segundo tempo. Aqui, estando o jogador com a posse de bola, terá direito a um limite coletivo de 3 Toques, sendo que no segundo lance deverá passar a bola a outro botão, para ter direito ao Terceiro Toque. O chute a gol só é permitido quando seu primeiro lance for executado no campo de ataque.

Os jogadores são Discos Circulares, semelhantes a botões com diâmetro máximo de 60 mm e mínimo de 45 mm, e sua altura máxima de 1 centímetro, podendo ser de qualquer cor ou combinação de cores, sendo confeccionados em acrílico, paladon, resina ou algo similiar. Os botões de uma mesma equipe poderão ser de tamanhos diferentes, porém, padronizados seguindo uma mesma uniformidade, e todos devem estar numerados.



A regra de 12 Toques foi, por muito tempo, denominada como “Regra Paulista”, tendo as seguintes peculiaridades: (i) Cada partida tem a duração de 20 minutos e é disputada em 2 fases de 10 minutos, com intervalo máximo de 3 minutos entre a primeira e a segunda fase. (ii)Estado um jogador com a passe de bola, este terá direito a um limite coletivo de 12 toque, sendo que se até antes de atingir o décimo segundo toque, ele precisa chutar ao gol, caso não consiga, ele será punido com tiro livre indireto cobrado do local onde a bola estiver estacionada. (iii) Cada botão, obedecido o limite coletivo de 12 toques, terá direito a 3 toque ou acionamentos consecutivos. Se ocorrer um quarto acionamento consecutivo, será punido com tiro livre indireto cobrado de onde ocorreu o toque excedente.





Em todas as modalidades deve ser observar alguns detalhes, como por exemplo, o tamanho do campo, o tempo de partida, modelo e tamanho da bola e botões permitidos naquela regra.


Outra modalidade, mais recente e aprovada como regra oficial em 2010, já bastante utilizada em São Paulo e regiões, Rio de Janeiro e Brasília, é o Dadinho.


A bola de jogo é um cubo confeccionado em acrílico ou material semelhante e conhecido por “dadinho”. Segundo site da CBFM, cada face do ubo mede 6 milímetros, e o seu peso varia entre 0,1 e 0,3 grama. Suas faces devem ser lisas, sem saliências, sem nenhum tipo de adesivo ou decalque, não sendo permitido nenhum tipo de marcação. Os jogadores são discos circulares, semelhantes a botões com diâmetro máximo de 60 milímetros e mínimo de 35 milímetros, e sua altura máxima de 1 centímetro, podendo ser de qualquer cor ou combinação de cores, de qualquer mateiral, com exceção metal e vidro.


Os botões de uma mesma equipe poderão ser de tamanhos diferentes, como também, poderão ser de cores diferentes entre si, porém, todos devem estar numerados. Cada botão somente poderá dar no máximo 3 toque consecutivos (palhetadas) individualmente e cada equipe somente poderá dar no máximo 9 “palhetadas” coletivas, devendo até o 9º (nono) toque obrigatoriamente ser um chute ou arremesso ao gol, caso não ocorra, no local aonde o “dadinho” parar, será efetuada uma cobrança de falta indireta.


No detalhe abaixo, foto extraída do Livro Botoníssimo e, também, uma foto do livro de Regras Oficiais do site CBFM:




Vale destaque, o tempo de jogo no Dadinho, sendo que as partidas oficiais de eventos das federações estaduais e da Confederação Brasileira terão duração de 14 (catorze) minutos, divididos em 2 (dois) tempos de 07 (sete) minutos, com intervalo mínimo de 01 (um) minuto entre os tempos.


SectorBall é uma modalidade internacional de origem Húngara trazida para o Brasil a partir de uma visita de botonistas brasileiros a Hungria. A modalidade europeia, muito difundida no centro daquele continente, é semelhante as modalidades Disco 1 Toque e Bola 3 Toques, praticadas há décadas no Brasil.


As partidas no SectorBall são divididas em 2 tempos de 13 minutos cada. A mesa para as jogadas deve ser uma de competição, medindo 170 – 185 centímetros de comprimento por 110 – 125 centímetros de largura.


Além dos instrumentos convencionais para as jogadas, esta modalidade conta com mais um, para medição, denominado “sectômetro”, para que se configure o “sector”. Vejamos:


Configura-se “sector” conseguir parar a bola dentro da área imaginária de 4,5 cm de distância da extremidade do botão, definida pelo instrumento de medição conhecido por “sectômetro”. O “sector” de defesa toma como referência os ângulos formados pelo encontro das linhas laterais e central, enquanto o “sector” de ataque toma como referência os ângulos formados pelo encontro das linhas de fundo e da grande área. Para validade do “sector”, a bola não pode bater em nenhum botão, exceto no próprio botão que receber o “sector”. (RESUMO BÁSICO DAS REGRAS DE SECTORBALL disponível no site da CBFM)


Também, conta com uma Regra de proximidade:


Regra da “proximidade”: Se, em seu primeiro lance (quando retoma a posse de bola), o técnico não conseguir realizar um “sector” em seu campo de defesa, mas a bola parar mais próxima de botão seu do que do adversário (desde que não toque em botão nenhum), ainda terá direito a mais um lance, que será o último, aconteça o que acontecer (inclusive “sector”), tendo obrigatoriamente que jogar com o botão que ganhou a “proximidade”. Não é possível realizar “proximidade” no ataque, mas ela pode ser conquistada em decorrência de erro do adversário. Nesse caso pode-se utilizar qualquer botão, e não necessariamente o que “ganhou” a “proximidade”. (RESUMO BÁSICO DAS REGRAS DE SECTORBALL disponível no site da CBFM).


Também de origem internacional, temos o Subbuteo, onde se pratica acionando figuras antropomórficas a uma escala reduzida e reunidos em equipas, cada uma formada por dez jogadores de campo e um goleiro.


Segundo a site da Federação Paulista de Futebol de Mesa, o subbuteo é de origem britânica, criada em seguida à Segunda Guerra Mundial. Chamada de “New Footy”, deve seu nome atual a Peter Adolph, ornitólogo que batizou a empresa que produzia o jogo com o nome de uma das suas aves prediletas, a Falco Subbuteo (vulgarmente conhecida como Ógea).

As jogadas são praticadas em campo de tecido, com figuras instaladas sobre uma base no formato de calota, impelidas por meio de golpes dados pelos dedos dos atletas na base e é relatada como a que mais se assemelha, em todos os sentidos, ao futebol de campo.




E por fim, conforme apresentado no site da Confederação, temos uma das modalidades mais recentes introduzidas no Brasil nos últimos anos, a modalidade Chapas.

Proveniente da Espanha, foi criada no final da Guerra Civil Espanhola. Devido a influência espanhola, vários países na América do Sul têm praticantes de Chapas.

Segundo o seu regulamento, o jogo consiste em uma disputa entre dois jogadores, doravante chamados de “Técnicos”, disputado em uma mesa coberta com um tecido e com o uso de tampas de garrafa metálicas – chapas – como peças de jogo.

Além da mesa, tecido, balizas e bola, o material de jogo consiste em dez tampas metálicas de garrafas – as chapas – e uma tampa plástica de garrafa PET, que exercerá o papel de goleiro, para cada técnico.


Cada partida terá a duração de 20 minutos e será disputada em 2 fases de 10 minutos, com intervalo máximo de 5 minutos entre a primeira e segunda fase. Os dois técnicos mudarão de lado de campo no intervalo.



Tipos de Chutes permitidos:





Vale destaque aos leitores e já jogadores e a quem queira entrar para essa tribo esportiva, que assim como existe em qualquer prática esportiva, a fim de fiscalizar e fazer presente a legislação desportiva, no Futebol de Mesa também há o Tribunal de Justiça Desportiva - TJD.


Mas o que seria o Tribunal de Justiça Desportiva?


O TJD existe para processar e julgar causas originariamente dentro de determinada prática esportiva. É um órgão inserido no esporte de cunho administrativo que segue o Código Disciplinar e está presente durante as práticas desportivas.

Havendo um campeonato ou qualquer torneio de Futebol de Mesa, Municipal, Estadual ou Nacional, por exemplo, o TJD estará presente para apurar possíveis irregularidades e punir os responsáveis, se for o caso, tudo com base nas normas do CBJD – Código Brasileiro de Justiça Desportiva e do seu Código Disciplinar do Futebol de Mesa.

Na FPFM, por exemplo, a organização da Justiça Desportiva e o Processo Disciplinar se regulam pelo CDFM – Código Disciplinar do Futebol de Mesa, a que ficam submetidas: a Federação Paulista de Futebol de Mesa, Ligas, Associações Desportivas, Atletas filiados e avulsos e pessoas físicas que lhes forem direta ou indiretamente subordinadas, com ou seu remuneração.

Os órgãos da Justiça Desportiva, ou seja, seus Auditores, Presidente e Vice-Presidente, possuem competência para processar e julgar as infrações disciplinares praticadas por pessoas físicas ou jurídicas, direta ou indiretamente subordinadas à Federação ou a serviço de qualquer entidade, e para processar e julgar os litígios entre associações e seus Atletas, entre Entidades Dirigentes e Atleta, entre Associações, entre Entidades Dirigentes e entre estas e Associações, sempre dentro dos limites da jurisdição territorial e observadas as disposições especiais do referido Código da FPFM.

Qualquer infração que ocorrer no âmbito de sua jurisdição, deve-se utilizar os órgãos da Justiça Desportiva, lembrando, é claro, que todo e qualquer processo, deve-se sempre observar e respeitar os ditames da Constituição Federal de 1988, acerca do contraditório e da ampla defesa:


Artigo 5º. Inciso LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;


Também, frisamos que:


CF/88 - Art. 217. [...] § 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.


Notem que o legislador deixou claro que nas ações relativas à disciplina e competições, o Poder Judiciário não poderá intervir de imediato, somente se esgotadas/cumpridas as formalidades/instâncias da justiça desportiva. Ou seja, algum jogador ou entidade ou associação, só poderá levar o caso para o Poder Judiciário se todas as instâncias administrativas da justiça desportiva se esgotarem. Todavia, mesmo que seja matéria administrativa, de competência da justiça desportiva, dependendo do imbróglio, poderá virar um litígio entre as partes.


Já que estamos falando da Constituição Federal, legal falar sobre DESPORTO, onde ela traz o seguinte:


Art. 217, CF/88. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um, observados:

I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento;

II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento;

III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não- profissional;

IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.


Notem, é DEVER do Estado fomentar (estimular, promover...) práticas desportivas, formais e não formais. Assim, como todo o poder emana do povo e somos uma República (Res Publica – coisa do povo), cabe a cada um de nós irmos ao encontro deste estímulo e promover a prática esportiva em nossas vidas. Existem inúmeros esportes, e hoje lhe apresentamos mais um! Não podemos ficar parados. O Esporte é fundamental para o corpo, mente e alma. Seja correndo, pensando, raciocinando, o importante é praticar atividade desportiva.

O Futebol de Mesa, como vimos, é uma excelente opção para você iniciar na prática esportiva, pois além de estimular a concentração e o raciocínio lógico, é um ótimo “remédio” para curar ansiedade, pois o jogador se concentra no momento, armando suas jogadas e arquitetando os gols no adversário. Então, junte-se a nós neste Esporte que tem muita história e ainda muito a crescer!




Fontes:


Livro: O Botoníssimo. O livro do futebol de mesa. Autor: Ubirajara Godoy Bueno. 2. Ed. rev. atual. 2012.












Fabiano Bocalon

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